30 de agosto de 2015

Já Li - "O Diário de Anne Frank"

2 de setembro de 1945 - fim da Segunda Guerra Mundial - há 70 anos hoje.

Já contei a vocês aqui no blog bastante sobre meu hábito de escrever em diários, né? É um comentário que sempre faço por aqui, principalmente sobre como é uma terapia, um ritual de auto-conhecimento, uma forma de registrar toda sua vida e poder recuperá-la depois - tudo de bom ou de ruim que tenha acontecido.

E quando seu diário registra um período histórico marcante, uma guerra, por exemplo? E se essa guerra fosse a Segunda Guerra Mundial? E se você fosse uma adolescente judia em meio à segregação e crueldade do holocausto registrando sua vida em um esconderijo?

É justamente isso que acontece em "O Diário de Anne Frank" (BestBolso, 2013, 373 páginas). Anne Frank foi essa adolescente judia, que durante o período de 12 de junho de 1942 a 1º de agosto de 1944, registrou dois longos anos de sua vida em meio à guerra. Uma garota de 13 anos, como eu quando escrevi meu primeiro diário, que narra acontecimentos comuns de seu cotidiano enquanto se escondia dos nazistas.
Quando você começa a ler o livro, pensa "Ah, que legal, uma menina comum, narrando seu aniversário de treze anos", "Ah, que legal, ela ganhou um diário". Mas então, entremeando o dia-a-dia da animada e divertida Anne e de sua família, começam a aparecer indícios do mundo real que a circundava e que era apenas o início de uma parte sombria na vida daquela garota.

"O Diário de Anne Frank" não é somente sobre a guerra, no entanto. Trata-se da mente de uma adolescente, acima de tudo. Como ela vê tudo que está acontecendo, como ela lida com os pais, a relação turbulenta com a mãe, como detesta ter que dividir um espaço tão pequeno com outra família, como a guerra é injusta e sufocante. Acompanhamos a confusão de Anne frente à "mente dos adultos", vemos Anne amadurecer frente aos nossos olhos, vemos Anne descobrir, até mesmo, um amor.

Somos tragados pela ânsia de entender o que é ter que se esconder por acreditar em coisas diferentes do que o regime corrente. Ter que se esconder por ser quem você é. Contar com a caridade de amigos, viver contando cada minuto, cada grão de comida, cada mililitro de água. E Anne vai nos segredando tudo isso, com a doçura da menina que era e que se torna uma mulher a cada dia que passa.

Anne é engraçada, espirituosa, de um gênio forte, no entanto. Mas muito inteligente e esperta, nada escapa aos olhos perspicazes dela. E essa visão é que captura nossa atenção, somos cúmplices de cada página de seu diário. Nos sentimos tão próximos dela...

Até o dia 1º de agosto de 1944, quando ela escreveu pela última vez. E voltamos ao mundo real. Aquele, cruel e injusto lá de cima. Por que nos damos conta que Anne nunca mais escreveria em seu diário por que fora capturada, levada para um dos desumanos campos de concentração de Auschwitz. Ela não teria mais com quem dividir sua vida e seria ainda mais cruelmente arrancada dela.

Mais do que apenas uma biografia, O Diário de Anne Frank é um lembrete doloroso do que nossa História registrou. Otto Frank, pai de Anne e o único sobrevivente do esconderijo, tomou a corajosa decisão de organizar o diário e realizar o desejo da filha de que este fosse publicado um dia. Para levar a toda humanidade este fragmento da realidade da Segunda Guerra Mundial. E nos fazer desejar que nunca mais tenhamos que presenciar acontecimentos como aquele.

"Não quero que minha vida tenha passado em vão, como a da maioria das pessoas. Quero ser útil ou trazer alegria a todas as pessoas, mesmo aquelas que jamais conheci. Quero continuar vivendo depois da morte! E é por isso que agradeço tanto a Deus por ter me dado esse dom, que posso usar para me desenvolver e expressar tudo que existe dentro de mim!" 
(Trecho da página 279)


Missão cumprida, Anne.


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