5 de janeiro de 2016

Entrada de 2016 (Ou Lições da Comida Sobre Paciência)

Primeiramente...

Sim, foi um ano cheio de emoções, muitas reviravoltas e tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo que... UFA! Enfim, acabou. E cá estamos nós outra vez.

Trouxe hoje uma pequena crônica que elaborei agorinha há pouco mesmo que vai de encontro com esse clima de resoluções do ano novo e também de algo que é a cara do fim de ano: Comida. Se identificou, né? Comeu tudo que podia e não podia e agora vai entrar na academia? Haha, Ok, é uma boa resolução de ano novo. Mas deixa eu te falar sobre a minha:

"Sempre fui uma pessoa muito ansiosa. Daquelas de roer unhas, fazer mil planos e viver mais no futuro do que no presente. Uma das coisas que mais ouço de amigos e familiares é: 'Tenha paciência, vá com calma, espere' ARGH! Acho que se você quer matar de vez um ansioso, peça para ele esperar. 

Mas acontece que paciência, sim, é uma virtude. Por que as melhores coisas da vida acontecem quando você não planeja, não cria expectativas, não vive em função daquela coisa que sequer aconteceu ainda. Você para, respira e vive um dia de cada vez.

Desde que essa situação começou a me preocupar de verdade, comecei a procurar meios de me tornar uma pessoa mais paciente. Não é fácil. Já dizia mamãe que, se você pede paciência a Deus, Ele, que é muito perspicaz, não vai te dar a paciência prontinha, embalada pra viagem. Ele vai te colocar diante de situações que façam você ter paciência. Aí você irá literalmente cultivá-la no jardim da sua alma, onde ela dará frutos dos quais você tirará proveito por um bom tempo. Deus é muito esperto, vocês hão de convir. E minha mãe também.
Então como ser mais paciente? Como não viver no futuro? Como não esperar nada de ninguém? A resposta, no meu caso, veio em forma de algo que geralmente uso justamente para compensar os momentos de ansiedade: a comida.

Neste fim de ano, estava eu cozinhando várias sobremesas para as diferentes ocasiões e confraternizações da vida, quando surgiu uma discussão pertinente sobre o por quê de eu não cozinhar com frequência. Minha mãe, na pia da cozinha ao meu lado, perguntou justo isso e respondi:

- Eu até gosto de cozinhar. Mas não tenho paciência.
- Eita, lá vem a Maria-Sem-Paciência. Imagine quando estiver na minha idade.
- É, ficar esperando a carne fritar, cortar temperinho pequenininho, ficar lá esperando ferver, aff, não!
- Por isso o fundo da lasanha sempre queima, o bife fica esturricado, o arroz, sem sal... 
- Mãe!
- Mas é verdade, minha filha. Tudo na vida precisa de paciência. Até cozinhar.

Até cozinhar. 

Aí lembrei do meu namorado, conhecido por sua paciência de Jó, um cozinheiro altamente prendado. Eu o fiquei observando cozinhar em silêncio, preparando a ceia do ano novo, e fiz as comparações que precisava. Cada tempero parecia algo totalmente novo para ele, o modo com que ele pegava cada posta de peixe calmamente, sentia cheiros, ouvia sons, via as cores e fazia suas observações como "Nossa, o cheiro desse peixe é tão suave" ou "Açafrão dá um gosto ótimo na comida, sabia?". E, acima de tudo, como ele esperava pacientemente cada coisa cozinhar, como se não tivesse mais nada para fazer no mundo. 

E eu, agoniada, ia pegando todos os materiais para entregar a ele, preocupada com o horário de servir o jantar, enquanto para ele, o preparo cuidadoso de cada prato era uma experiência que beirava a alquimia. E aquilo me deixava:

(   ) mais ansiosa
(   ) agoniada
(   ) com muita inveja branca
(X) todas as alternativas anteriores

Por fim, o jantar dele ficou soberbo, bem apresentado e, claro, delicioso. E aí fiquei pensando como sairia a comida se eu fizesse: boa, sim, degustável, claro. Mas a aparência estaria bem menos apresentável e se eu participasse do MasterChef, com certeza levaria muitas broncas quanto à apresentação do prato ou quanto a alguns ingredientes terem cozinhado de mais ou de menos, por que a senhorita multitarefa aqui deixou as panelas no fogo e foi escrever no blog, foi ler um trecho de um livro, foi... Bem, fazer outras coisas por que, afinal, comida é só jogar na panela e o fogo faz o resto.

Só que não.
E, como vocês podem ter percebido, numa epifania geral e óbvia até aqui, assim é a vida: você precisa esperar o tempo de cozimento das coisas. Você precisa prestar atenção nos temperos que está usando. Você precisa, sim, se preocupar se a vida está tendo sabor ou se simplesmente virou aquele PF do dia cuja receita está tão batida que nem surpreende mais. Você precisa se preocupar apenas em colocar amor no preparo. É por isso que comida de mãe é tão boa - por que elas tem essa parcimônia para tudo. E que a gente devia aprender. E que eu devia aprender.

Mais do que isso, você precisa também inovar no preparo daquele feijão preto de todo dia; que tal experimentar um tempero novo? Que tal adicionar um pouco de coentro e cheiro-verde à moda nordestina? Vai deixar seu feijão sem cor, sem gosto

Foi assim que me dei conta que um frango cozinhando lentamente podia me ensinar sobre o que eu mais preciso aprender: ser paciente.

Não sei se vou, até o final do ano, me graduar MasterChef da minha vida, mas, olha, estou pronta para tentar. Afinal, uma comida com tempero caseiro é sempre bem-vinda, tem gosto de lar, e você vê a satisfação de todos que provam dela, e se sentem tão bem quanto você, só por dividir aquele momento."








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