Potter Fics

Fan-fictions inspiradas na série Harry Potter, de J. K. Rowling.

*As fan fics aqui publicadas visam apenas o entretenimento, sem nenhum lucro financeiro.

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A Caixa no Porão
 
- Tem certeza de que podemos entrar aqui?

- Claro, ora. É a minha casa. Eu venho aqui sempre que posso.

- Hum... É meio escuro. Não tem luz aqui embaixo?

  A luz se acendeu. Estavam num porão empoeirado e, de fato, escuro. Havia caixas por toda parte, algumas com coisas escritas, indicando a quem pertenciam. Havia também móveis velhos, escadas, ferramentas e toda sorte de materiais descartados pelos donos da casa e que inevitavelmente vinham parar no porão.

- Certo, a caixa é aquela, venham... - chamou Nigel, aquele garotinho curioso de 11 anos que volta e meia vinha ao porão porque descobrira que sua irmã mais velha guardava ali um tesouro. Bem, para a maioria das pessoas, não era um tesouro - uma pilha de livros velhos e empoeirados. Mas ele gostava. Ele só tinha videogames e via TV o dia inteiro lá em cima. Aquela tinha sido sua única diversão. Até que encontrara a caixa da irmã no porão.

- Stella não vai gostar nada disso. - a temerosa Natalie disse ao amigo de infância. Natalie frequentava sua casa desde que podia se lembrar em sua curta vida infantil. Mas era seu melhor amigo e os dois já haviam vivido aventuras incríveis. 

- Não seja chata, Nat. Puxa, o que tem demais a gente vir aqui embaixo? - Darcy disse, o mais novo dos três, tinha 10 anos. Mas era sempre incentivador do espirito aventureiro do amigo Nigel. 

Nigel estava agora abrindo uma grande caixa empoeirada, talvez a menos empoeirada, uma vez que, como ele dissera, sempre ia até ali utilizar seu conteúdo. Assim que ele puxou a tampa que trazia escrito em letras enormes STELLA, seus pequenos olhos verdes se iluminaram. 

Natalie e Darcy chegaram mais perto, querendo examinar o que trazia aquele brilho aos olhos do amigo. Assim que suas cabeças se juntaram sobre a caixa aberta, Natalie foi a primeira a constatar:

- São livros... - a voz interessada. Mas Darcy fez um muxoxo.

- Grande coisa. Livros velhos.

- Livros incríveis, idiota. - Nigel ofendeu-se.

- Ei, não me chame de idiota!

- Meninos! - pediu Natalie, ficando entre os dois amigos. - Não sejam bobos. Nigel, o que tem esses livros?

Nigel empertigou-se e foi tirando um a um os livros da caixa e mostrando, enquanto falava:

- É uma série de livros. São sete.- Nigel ignorou Darcy revirando os olhos, entediado. - São sobre um garoto chamado Harry Potter. - e ele esperou, os olhos faiscando mais ainda.

Nat e Darcy entreolharam-se confusos. Nigel suspirou:

- Harry Potter é um bruxo. Mas ele não sabe. E quando ele faz onze anos, começa a receber cartas de uma escola de magia! E aí, um gigante vai na casa dele dar a noticia, e é quando ele vai estudar para se tornar o maior bruxo de todos os tempos, e...

- Calma aí - Nat pediu. - É um livro de bruxaria?

- Não, Nat, não esse tipo de bruxaria. É... Bem, existem bruxos maus e bons, mas Harry é do bem. Sabe, os pais dele foram mortos pelo pior bruxo das trevas que já existiu... Lord... - ele tapou a boca. - Não podemos dizer o nome dele. 

- Mas porque? - Nat arregalou os olhos para ele.

- Porque ele é maligno, Nat.

Darcy soltou uma gargalhada.

- Ah, Nigel, qual é, agora você acredita nessas coisas de bruxaria e 
magia e sei lá mais o que?

- É só uma história, Darcy. - Nat ponderou, pegando um dos livros. 
- A Pedra Filosofal... Parece interessante.

- Não, vejam bem... Não é apenas uma história. Vocês não tem idéia do que esses livros são. São incriveis! São... são... 

- Mágicos? - Darcy debochou. Nigel olhou com os olhos semicerrados para ele. O garoto pegou o livro que Nat segurava e abriu nas primeiras páginas.

- Capítulo Um - ele recitou, pausadamente, a leitura ainda deficiente - O Menino... Que Sobrev...Sobreviveu. 

- Vá em frente, pode zombar, duvido você ler a primeira página e não querer saber o resto. - desafiou Nigel.

  Natalie ajeitou uma pilha de caixas e sentou-se sobre elas.

- É, e eu quero ouvir.

  Darcy ficou olhando para eles, rindo. Retomou o livro de onde parara e seus olhos castanhos percorreram as linhas.

- "O Sr. e a Sra. Dursley, da rua dos Alfe-neiros, nº 4, se orgulhavam de dizer... que eram per-fei-ta-men-te normais..."

- "... Muito bem, obrigado". - outra voz veio da porta do porão, lá em cima. 
  
  Os três viraram as cabeças rapidamente para lá; Era Stella, irmã mais velha de Nigel. Ela sorriu e começou a descer as escadas.

- Mamãe e papai estão agora procurando você por toda Londres, Nigel. E você aqui, enfurnado nesse depósito de mofo... - ela ia dizendo, enquanto se aproximava. Seus olhos, verdes como os do irmão caçula, voaram para as mãos de Darcy e logo depois para a caixa que eles haviam aberto. - E ainda fuçando nas minhas coisas antigas...

  Nigel engoliu em seco. A irmã era um pouco esquentada e provavelmente devia guardar naquela caixa outras coisas mais comprometedoras que livros.

- Eu só fiquei curioso... - ele disse.

- Claro. Porque é o que você é. Um curioso intrometido. - ela olhou para os três. - E você também, Nat, colaborando com isso. Logo você.

Nat baixou os olhos. 

- Eu também fiquei curiosa, Stella.

- Sei. - ela virou para Darcy. - E você, hein, pirralho? Se lesse mais provavelmente podia ler em voz alta mais claramente. Me dê esse livro aqui.

Darcy entregou o livro de pronto. Estavam ferrados. Stella detestava que mexessem em suas coisas. 

-Você sabe o que está segurando? Isso é um best-seller, Darcy. Eu tinha a idade de vocês quando segurei esse aqui pela primeira vez. E desde o dia em que li a primeira página, minha vida nunca mais foi a mesma.

- Não sabia que você gostava de ler... Esse tipo de livro. - Nigel disse.

- Claro que sim. Bem, pelo menos eu gostava. - ela soltou um suspiro. - Eu li cada um em um dia apenas. Acompanhei todo o frenesi do lançamento, fui à livraria à meia-noite, enfrentei filas por esses livros. Discutia com meus amigos, inventávamos novas histórias, nos vestimos como os personagens. O que Harry Potter causou com apenas sete livros foi um fenômeno, pirralhos. Mas vocês não saberiam, não eram nem vivos ainda.

- E o que esses livros tem de mais? - Darcy perguntou, em tom de escárnio - Ninguém nem lê mais essas coisas. Papel velho e poeirento, prefiro ler meus e-books no computador.

  Stella lançou um olhar à criança que o fez calar-se imediatamente.

- Muitas crianças da sua idade naquela época pensavam a mesma coisa. Mas foram esses livros aqui, hoje já gastos e amarelados, que tiraram as mesmas crianças, inclusive a mim, da frente do computador e da TV. A autora dessa série nos fez ler livros sem figuras. Coisa que você, Darcy, mal consegue fazer. 

- Mentira! Eu consigo ler livros sem gravuras.

- Eu duvido que você um dia leia Harry Potter. Precisa de imaginação. 

- E isso eu tenho de sobra - Nigel disse, ansioso. - Já li todos eles, enquanto você estava lá em cima com seu som alto ou quando não estava em casa, eu vinha para cá e lia. Eu já sei tudo sobre Harry Potter. Inclusive esses livros viraram filmes. Estão todos ali, dentro da caixa, e era o que ia assistir para saber como Harry, Rony e Hermione seriam de verdade... Mal posso esperar.

  Stella apenas o fitou por alguns segundos. 

- Então você é mesmo meu irmão. 

  Natalie, que estivera apenas ouvindo, chegou mais perto para perguntar.

- Você disse que gostava, Stella. Não gosta mais?

  Stella baixou os olhos e correu os dedos pela capa de Harry Potter e a Pedra Filosofal nas mãos. 

- Sim, eu gostava. Até que acabou.

- Acabou? - Nigel perguntou.

- É, tudo acabou. Não havia mais livros para esperar, filmes para ir ver no cinema, mais nenhuma ansiedade em esperar as novas aventuras de Potter. E então, eu fiquei triste. Não havia mais nada para fazer com todos esses livros e filmes na minha estante. Então os trouxe para cá. Para o porão.

- Você abandonou o Harry, Stella. - Nigel disse, horrorizado.

- Eu não abandonei...

- Claro que abandonou. Você cresceu e ficou achando que ninguém ia mais ligar para esses livros bobos. Como eu acho que eles são agora. - Darcy disse.

- Não, Darcy...

- Só porque não houveram mais livros, não quer dizer que acabou. - Natalie disse, pensativa. - Se você gosta mesmo de alguma coisa, não importa o tempo, ela continua lá, dentro da gente. Foi isso que a mamãe me disse uma vez. 

- É, sim. Então, já que você não quer mais nada disso, com licença -    Nigel debruçou-se sobre a caixa e tirou todos os livros e DVDs antigos, empilhando-os à sua frente.

- Vamos, gente. Me ajudem a levar isso pro meu quarto.

Stella franziu a testa.

- Você não vai fazer isso, moleque.

- Claro que vou. Eu não vou deixar o Harry aqui sozinho no porão, nem ele, nem a Mione, nem o Ron. A Sra. Rowling teve muito trabalho para criar tudo isso e eu não vou deixar você desperdiçar tudo.

  Natalie segurou alguns DVDs e disse:

- Eu concordo com ele. E eu gosto muito de livros. Espero que me empreste, Nigel. - ela sorriu.

- Claro! Darcy...? - os dois ficaram olhando para ele.

- Tá, eu ajudo a levar para cima.- ele pegou o resto dos livros e ficou ao lado de Natalie. 

  Stella balançava a cabeça.

- Tudo bem! Faça o que quiser! Mas depois não venha chorar para mim frustrado porque isso é tudo que você vai ter de Harry Potter!

Nigel virou-se e exclamou, enchendo-se de coragem:

- Eu não vou chorar, sua bobalhona! Eu já aprendi uma coisa com o    Harry e foi ser forte! E daí que já sei o final? Agora Nat e Darcy também vão ler e vamos poder passar meses conversando sobre as aventuras que ele viveu! - ele continuou andando com os amigos no encalço dele. 

   Stella ficou parada no meio do porão, ainda balançando a cabeça.    
Em sua mente, vieram novamente todos os amigos que fizera indo em eventos relacionados ao mundo que J. K. Rowling criara, as horas que passara preparando o figurino igual o de Hermione Granger para ir ao cinema caracterizada como a personagem favorita, o dia em que foi até King's Cross tirar fotos e como vivia dizendo para a mãe que um dia entraria no Expresso de Hogwarts. 

Foi um flash rápido e comovente que quase trouxe lágrimas em seus olhos. Viu o irmão mais novo subindo as escadas com os livros nos braços alegremente, ouvindo-o contar a Nat e Darcy: "... E então, no terceiro livro, tem essa prisão, só para bruxos do mal, e dementadores, vocês precisam ver os dementadores, são horripilantes, e aí no quarto livro, tem o torneio, e dragões, e..." Darcy exclamou: "Dragões?! Eu adoro dragões! Que maneiro!", e Stella lembrou de si mesma e seus amigos, quando ela os apresentou a série. Aquilo não podia acabar, era eterno. Assim como a alegria que sempre sentiria cada vez que abrisse um daqueles livros, que visse um daqueles filmes. Que andasse por Londres à noite e esperasse esbarrar no Noitibus Andante. Aquilo jamais ia morrer.

- Nigel! - exclamou, bem a tempo de o irmão caçula virar-se no último degrau para encará-la, ainda chateado. Nat e Darcy viraram com ele. 

- O que foi, Stella? Não vou devolver os livros! - e abraçou-se com as obras já gastas e amareladas. 

- Não é isso... - ela disse, subindo as escadas rapidamente, os olhos marejados.

- E o que é?

- Deixe que eu leia para vocês. Aceitam?

  Nigel deu um sorrisinho. 

- Seria legal.

   Todos sorriram e Stella pegou o primeiro livro da pilha nos braços de Nigel e disse:

- Vamos deixar todos esses no seu quarto e vamos sentar na sala, perto do lareira. Eu interpreto Hermione Granger muito bem - ela disse, rindo.

- Ah, que legal, ouvir histórias antes de ir para casa... Podemos fazer isso todos os dias! - Nat sugeriu, animando-se.

- É... Veremos. - Stella deu de ombros, sentindo um conhecido calor por dentro de si, esquentando-a por dentro. Era como se fosse a primeira vez.

  Como se Harry Potter jamais tivesse ido.


FIM (?)

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